Jornalismo aberto

A ideia deste site é servir de referência editorial, técnica, financeira e operacional a jornalistas independentes que queiram levar adiante seus projetos de investigação por meio de financiamento coletivo, com ou sem a parceria de algum órgão de imprensa já consolidado. Muitas vezes, o mais difícil em um projeto jornalístico independente não é a busca e produção da informação, mas a maneira organizada e eficiente de disseminá-la. Além disso, transparência e comprometimento com o público são requisitos essenciais ao jornalista, e é preciso concretizá-los e entregá-los ao leitor. Este site também sugere meios para essa concretização.

Neste tutorial, explicamos detalhes do nosso modus operandi, aqueles que consideramos essenciais para a qualidade da informação, transparência, independência e estreito relacionamento com o leitor que caracteriza nosso trabalho e nos serve de referência.

Importante dizer que nada do que expomos neste guia está concluído, e nem pretendemos ser referência máxima no assunto. Tudo é sugestão, tudo está em processo e aberto a críticas e melhorias. Sinta-se livre para divulgar, replicar, melhorar e se apropriar do que está aqui.

Editorial

1. Conselho editorial efetivo de leitores: a ideia do projeto de jornalismo independente tem como uma de suas bases o estreitamento das relações com os leitores, tornando-os participantes de fato da produção do conteúdo. A criação de um conselho editorial é uma forma eficaz de promover esse encontro. Reuniões periódicas com o conselho para discussão de temas e pautas se mostram necessárias, além de uma lista de emails pela qual a comunicação entre todos pode ser direta e diária. O relacionamento com o leitor é um processo contínuo, que perpassa todas as fases do projeto. Esse conselho não substitui o conselho editorial formado pelos jornalistas que estão trabalhando no dia a dia da produção da notícia, tomando, de forma autônoma, as decisões mais imediatas e deliberando sobre mudanças e alterações de rumos que se mostrem necessárias.

2. Apuração aberta: desde que não exponha fontes de maneira temerária e não comprometa o curso estratégico das investigações, abrir ao público a apuração divulgando pesquisas prévias, trechos de entrevistas, relatos, livros, artigos e reportagens de referência, além da descrição de detalhes do próprio processo de apuração, pode trazer importantes aportes do público. Desde críticas pertinentes a sugestões de novas fontes, bibliografias e novos e melhores caminhos para a condução da pauta. A pertinência da abertura da apuração deve ser definida pelo repórter, que tem ampla visão de sua pauta. Um blog simples com o campo de comentários sempre habilitado é um bom meio de se abrir a apuração ao público.

3. Redes sociais: o uso das redes sociais (Twitter e Facebook) é fundamental para o relacionamento mais breve e direto com os leitores (membros ou não do conselho editorial) e para o recebimento de novas informações sobre o tema apurado. Além disso, o uso das redes para a cobertura em tempo real de eventos de interesse público ajuda na documentação desses eventos, que pode ser usada posteriormente nas reportagens.

4. Fontes brutas: fechando o ciclo do empoderamento do leitor como agente da produção da informação, é importante oferecer-lhe as ferramentas brutas da apuração para que este busque outras possibilidades de análise dos fatos se assim preferir. Para isso é importante deixar disponível a ele planilhas, documentos, áudios, vídeos e outros conteúdos brutos que possam ser facilmente abertos por alguém sem habilidades técnicas específicas.

Técnico

Todos esses aspectos técnicos foram pensados para promover a independência – inclusive financeira – do jornalista, e permitir que outros jornalistas possam copiar a estrutura de produção e publicação das reportagens sem precisar de licenças especiais.

– Uso de software livre (Linux, Apache, PHP, MySql, WordPress, jQuery)
– Código aberto
– Licença Creative Commons BY-NC-SA

Financeiro

Crowdfunding: entendemos que empoderar o leitor para que ele se torne agente da produção das informações que quer ver publicadas é um processo que passa, em primeiro lugar, pelo aporte financeiro, pois somente assim o jornalista independente conseguirá verba suficiente para realizar seu trabalho. O jornalista escolhe a plataforma de financiamento coletivo que mais bem lhe convier. É essencial que os cálculos de investimento apresentados ao leitor sejam detalhados e, principalmente, realistas, segundo as particulares necessidades de cada projeto.

Operacional

1. Agenda colaborativa: agenda aberta no site, alimentada de forma colaborativa e livre com eventos e atividades, públicas ou privadas, relacionadas ao tema do projeto.

2. Lista de fontes: lista de fontes contendo os contatos de pessoas físicas (que autorizem a exposição de seus contatos), jurídicas e assessorias de imprensa de setores do poder público.

3. Contas abertas: planilha atualizada periodicamente com os gastos do jornalista e sua equipe na produção e execução do projeto.